lunes, 20 de junio de 2011

As vozes



Uma parte de mim sonhava com você, com a sua volta. Sonhava relembrando aqueles dias que ao seu lado fazia e tornava todo o resto pequeno demais para ser lembrado. Lembrava daquela “junção estrelar” que formava os momentos mágicos, ás vezes um tanto quanto surreais... como se estivesse dentro de uma história onde as cores são mais vivas, os personagens mais belos, fazendo parte de uma história com início meio e fim.
Esta parte de mim que “grita” todos os dias de saudade de você e que almeja um final feliz assim como nas histórias infantis: “... e foram felizes para sempre”. Me atormenta essa possibilidade de felicidade tão sonhada, ouço uma voz que sussurra ao meu ouvido dizendo que isso não passa de uma utopia.
É nítido, é claro essas duas vozes dentro de mim, vozes que eu chamo de a realidade e o sonho. A voz do sonho é aquela que ao fechar os olhos eu me perco nos meus pensamentos e chego a sentir a felicidade invadindo cada célula do meu organismo, sinto ela pegar na minha mão e com a outra mão e o seu próprio corpo me envolvendo e sussurrando ao pé do meu ouvido dizendo: Fica, sonha; pois os sonhos um dia se tornam realidade, por mais que ás vezes pareça distante, um tão distante que se eu esticar os meus braços eu não alcançaria. Já a voz da realidade é a minha porção racional, a parte de mim pés no chão, eu diria, que não sonha e que não quer se envolver em algo que não seja concreto. É  a parte de mim que me dói ser e que eu repito todos os dias para não ficar sonhando, não ficar idealizando e principalmente não criando expectativas.
Ás vezes eu acho que é tudo culpa da astrologia, do meu signo ter dado asas demais a minha imaginação. Pois como uma legítima pisciana eu vim com características bem pontuais do elemento água como: sonhadora e fazendo parte mais do mundo das emoções e sentimentos, que fazendo parte e sendo parte integrante da própria realidade e todo conjunto que envolve outras pessoas. É como se eu pensasse coisas que ninguém mais pensa. Loucura? Acho que não. Eu diria excesso de criatividade mental. Já ouvi muitas pessoas dizendo que todo ser humano nasce com algum dom, eu até hoje não encontrei o meu, ou ele não me encontrou. Mas pensando bem, será que essa minha capacidade de pensar e imaginar coisas que ninguém mais imagina não poderia ser considerado um dom? É eu gosto de pensar, gosto de escrever, mas admito não conseguir acompanhar os meus próprios pensamentos. A minha mente parece que não descansa, não consigo ficar “zen” sem pensar em nada. Eu bem que tento como agora mesmo... Largo o lápis; fecho os olhos e tendo apenas me concentrar na chuva que cai lá fora e nos pequenos barulhinhos que produzem as gotas respingando  na vidraça. Essa concentração dura apenas alguns segundos, em seguida os meus pensamentos começam a “conversar entre si”, em meio a chuva caindo lá fora, ás vozes das pessoas no prédio ao lado, as buzinas dos carros na rua, o barulho dos trovões , a luz emitida pelos relâmpagos, penso nos meus tempos de infância brincando na rua e a festa que era quando começava a chover e a gurizada da rua parava o jogo de bola para tomar banho de chuva. Penso também no agora, de como é bom dormir com o barulhinho de chuva e se estiver aquele friozinho como dizem aqui no Sul de “reguiar cusco” com aquela companhia de baixo do edredon, parece que a chuva fica ainda melhor. Fica com outro gosto, um gosto, um sabor não apenas de chuva, mas um gosto de magia, um gosto de encanto.

Fragmento do dia 10/3