domingo, 26 de junio de 2011

Os ventos



     Acordar sábado de manhã sem precisar de despertador, olhar para o lado, pegar o relógio no celular é claro, porque hoje em dia para olhar as horas em casa ou é no celular ou no computador mesmo, porque aquele relógio que faz tic-tac é raro ou eu diria escasso nos dias de hoje. Eu olho as horas e são 9h da manhã, a possibilidade de arrumar a minha mochila e ir “para casa” quase todos os finais de semana e pegar o primeiro ônibus é um sentimento inexplicável.
            Não sei se foi pelo fato de ter ficado tanto tempo sem poder fazer isso que hoje eu valorizo essa possibilidade. Ter ficado um ano longe de tudo e de todos e tudo que fazia parte integrante da minha vida fez com que eu repensasse inúmeros momentos e reflexões. A vida lá fora me proporcionou momentos únicos e indescritíveis (Os melhores da minha vida eu poderia dizer!) e admito que tinha um certo medo de não conseguir me acostumar de volta a rotina porto alegrense. Mas eu consegui! Admito estar vivendo numa boa! Mas não anulo a possibilidade de retornar um dia, mas sem previsão, sem destino certo e por um tempo indeterminado. Aprendi a valorizar mais o que eu tenho e não ficar querendo e apressando o passo, pulando etapas, queimando uma parte fundamental da minha vida que é o presente, o instante vivido e muitas vezes não aproveitado.
            Lá no velho mundo eu tinha tantas possibilidades, tantos desafios, tantas alegrias e  tristezas e tantas experiências. Adquiri rugas em um único ano, mas não rugas de preocupação, mas de vivência mesmo. Eu poderia pegar a minha mochila no final de semana e ir para o Marrocos, no outro poderia estar na Irlanda ou até no Japão, tudo era tão mais perto e fácil. Mas o que eu não poderia é arrumar a minha mochila em um sábado pela manhã e voltar para casa! Ah...e essa vontade quantas vezes surgiu e eu tinha que ser forte e aguentar firme. Por mais que estivesse amando aquela vida sempre esteve ao meu lado aquele sentimento de família, lar, amigos e de um retorno para suprir a falta que eu sentia. Lá eu fui tão feliz, hoje eu sou tão feliz porque aprendi que tudo tem o seu momento certo e a gente sempre sabe a hora de voltar.
            Agora estou no ônibus, aquele que eu sempre pegava com os meus pais para ir para a minha cidade natal nos feriados, finais de semana desde pequeninha no tempo que ainda eu nem precisava pagar a passagem e que a minha mãe tinha que me dá um dramin para não enjoar. Faz tanto tempo que um dos motoristas é o mesmo e quando me olha com a minha velha mochila nas costas cheia de bandeirinhas, me olha e me diz: “você é a neta do seu Cleno? Como você cresceu eu lembro de você quando era pequeninha viajando sempre com a gente”. Daqui alguns minutos já estarei em casa, sentirei aquele cheirinho de casa, do estar realmente em casa, sentirei o cheirinho da comidinha da mãe me esperando, terei a minha mais nova “filhotinha” se mijando toda quando eu abro a porta e fazendo festa e pulando em mim por no mínimo os próximos 30 minutos de exclusividade para ela.
       Ainda sinto uma certa confusão na minha cabeça quando eu digo: “estou indo para casa”,  pois casa sinto ter  três, mas “lar” apenas um único. Será que será sempre aquele lugar onde estará a minha mãe? Ou será aquele lugar que eu nasci? Não sei. Só sei que o que importa é estarmos feliz no lugar que a gente esteja, não forçar nada. Apenas ficar até o nosso coração dizer que tem que ficar, ou partir quando ele der sinais que chegou a hora. Porque não importa o lugar, onde quer que esteja sempre estará alguém que nos abrirá os braços e irá fazer com que nos sintamos em casa.
      Eu gosto desse sentimento de estar em casa, na minha casa. Mas eu também gosto das estradas e isso também é forte demais... Penso que insignificante seríamos se passássemos a vida inteira sem se mover, sem conhecer, sem descobrir e sem explorar. Vida vazia, pequena, sem conhecimento e descobrimento de nós mesmos e do mundo lá fora. Eu gosto do ir e vir, desta ação que nos remete ao movimento á interação com o resto do universo. Não se limite a ficar preso em um lugar, quando você sentir que é hora de partir ou não tenha medo de ficar quando o seu coração disser que ainda não é hora de bater as asas e voar de novo. Os ventos existem, e são eles que na hora que a gente menos espera faz com que levantemos vôo e nos conduza para um novo destino, um novo caminho. Eu acredito nos ventos, na tempestade e na calmaria e sei que eles vêm sempre na hora certa. 

miércoles, 22 de junio de 2011

Não passou de 2 páginas...


         Nada melhor que surgir aquela vontade sobrenatural, uma necessidade quase que um tanto fisiológica de pegar um papel e escrever sobre algo ou alguém, ou acordar no meio da madrugada somente pela necessidade de precisar escrever alguma coisa, registrar aquele momento.
        Rabiscar em um guardanapo uma frase que veio na sua cabeça em plena mesa de bar, frase que renderia uma longa reflexão por meio de uma única frase, como: "Lembrar de você é me fazer sorrir" ou olhando a estrada pela janela indo para casa relembrando "aqueles" momentos me fazem flutuar. Quase que viver em um mundo parelo, eu diria. Estranho, já parei para pensar nisso... durante as minhas viagens pela "estrada á fora", como dizia a chapéuzinho, indo pela estrada sozinha eu olhava pela janela, neste percurso de tempo indeterminado é onde eu mais penso na vida e o que realmente mais importa.
        Mas na verdade eu nem ia falar sobre isso, queria falar justamente o oposto. Admiro aquelas pessoas que conseguem escrever sobre absolutamente tudo e sobre todos. Eu escrevo o que me toca, o que me motiva e que provoca me instigando a sempre querer ir mais além.... São pouquíssimas as pessoas que contribuem para a manifestação  súbita de escrever. Esses tempos eu tentei parar e escrever sobre "um ser", mas admito não ter conseguido passar de 2 páginas, porque não sei se o conteúdo era escasso, não ouve desenvolvimento do tema, muito menos produtividade. Constatei se eu fosse depender de escrever para viver iria morrer de fome. O que mais tem pelas ruas e esbarrando em nossas vidas são justamente essas pessoas que não passariam de 2 páginas preenchidas. O mais comum eu diria, seria a folha ficar em branco.
       Esse post vai em homenagem justamente a essas pessoas que me rendem não páginas, porque páginas seria simplório demais para elas. Agradeço que pelo menos ainda existe na minha escassa memória pessoas que pelas quais eu passaria noites escrevendo, não somente sobre elas, nem sobre mim, muito menos sobre nós, pois são essas pessoas que não me manteriam acordada apenas por 1 noite, mas sim  por uma vida inteira.
      Se você acha que você seria uma dessas pessoas para mim, de 2 páginas você acertou! Mas e se VOCÊ...  simmmmm, você mesmo (a) acha que você seria uma dessas pessoas que me manteriam acordada por uma vida toda, você também acertou! A gente sempre sabe quando o chapéu serve....
       

lunes, 20 de junio de 2011

As vozes



Uma parte de mim sonhava com você, com a sua volta. Sonhava relembrando aqueles dias que ao seu lado fazia e tornava todo o resto pequeno demais para ser lembrado. Lembrava daquela “junção estrelar” que formava os momentos mágicos, ás vezes um tanto quanto surreais... como se estivesse dentro de uma história onde as cores são mais vivas, os personagens mais belos, fazendo parte de uma história com início meio e fim.
Esta parte de mim que “grita” todos os dias de saudade de você e que almeja um final feliz assim como nas histórias infantis: “... e foram felizes para sempre”. Me atormenta essa possibilidade de felicidade tão sonhada, ouço uma voz que sussurra ao meu ouvido dizendo que isso não passa de uma utopia.
É nítido, é claro essas duas vozes dentro de mim, vozes que eu chamo de a realidade e o sonho. A voz do sonho é aquela que ao fechar os olhos eu me perco nos meus pensamentos e chego a sentir a felicidade invadindo cada célula do meu organismo, sinto ela pegar na minha mão e com a outra mão e o seu próprio corpo me envolvendo e sussurrando ao pé do meu ouvido dizendo: Fica, sonha; pois os sonhos um dia se tornam realidade, por mais que ás vezes pareça distante, um tão distante que se eu esticar os meus braços eu não alcançaria. Já a voz da realidade é a minha porção racional, a parte de mim pés no chão, eu diria, que não sonha e que não quer se envolver em algo que não seja concreto. É  a parte de mim que me dói ser e que eu repito todos os dias para não ficar sonhando, não ficar idealizando e principalmente não criando expectativas.
Ás vezes eu acho que é tudo culpa da astrologia, do meu signo ter dado asas demais a minha imaginação. Pois como uma legítima pisciana eu vim com características bem pontuais do elemento água como: sonhadora e fazendo parte mais do mundo das emoções e sentimentos, que fazendo parte e sendo parte integrante da própria realidade e todo conjunto que envolve outras pessoas. É como se eu pensasse coisas que ninguém mais pensa. Loucura? Acho que não. Eu diria excesso de criatividade mental. Já ouvi muitas pessoas dizendo que todo ser humano nasce com algum dom, eu até hoje não encontrei o meu, ou ele não me encontrou. Mas pensando bem, será que essa minha capacidade de pensar e imaginar coisas que ninguém mais imagina não poderia ser considerado um dom? É eu gosto de pensar, gosto de escrever, mas admito não conseguir acompanhar os meus próprios pensamentos. A minha mente parece que não descansa, não consigo ficar “zen” sem pensar em nada. Eu bem que tento como agora mesmo... Largo o lápis; fecho os olhos e tendo apenas me concentrar na chuva que cai lá fora e nos pequenos barulhinhos que produzem as gotas respingando  na vidraça. Essa concentração dura apenas alguns segundos, em seguida os meus pensamentos começam a “conversar entre si”, em meio a chuva caindo lá fora, ás vozes das pessoas no prédio ao lado, as buzinas dos carros na rua, o barulho dos trovões , a luz emitida pelos relâmpagos, penso nos meus tempos de infância brincando na rua e a festa que era quando começava a chover e a gurizada da rua parava o jogo de bola para tomar banho de chuva. Penso também no agora, de como é bom dormir com o barulhinho de chuva e se estiver aquele friozinho como dizem aqui no Sul de “reguiar cusco” com aquela companhia de baixo do edredon, parece que a chuva fica ainda melhor. Fica com outro gosto, um gosto, um sabor não apenas de chuva, mas um gosto de magia, um gosto de encanto.

Fragmento do dia 10/3

miércoles, 15 de junio de 2011

GRANDE HOMEM


      O aniversário é seu e quem ganhou um presente hoje fui eu através de suas palavras: "Insano, disfarçado de mim mesmo, minha alma observa meu corpo descansando diante de toda essa loucura que cerca minhas opiniões e angústias e a única luz que vejo no fim 
disso tudo é você"
      Tudo que eu poderia escrever de você e para você seria pequeno demais diante da sua grandiosidade e eu diria complexidade. Você provoca um  turbilhão de sentimentos nas pessoas! Você é iluminado, único e isso é raro nos dias de hoje. É tanta gente se esbarrando nas ruas e tão poucas são aquelas pessoas assim... especiais, com uma luz indescritível como a sua. 
       Eu acho que eu escreveria um livro somente sobre você, somente com o que eu aprendi com você e as suas teorias de vida! (que hoje admito, eu devia ter ouvido mais!). Saudade da sua alegria contagiante! Eu não preciso fala mais nada porque eu sei exatamente que você sabe o que eu penso, sabe muitas vezes e me conhece mais que eu mesma, somente pelo olhar, pela voz e isso se chama cumplicidade e não tem preço!
      Te quero bem GUi, longe ou perto, passando séculos sem ver você eu sei que quando a gente se vê ou se falar é como se tivesse falado no minuto anterior. León nos trouxe mais do que experiência....nos trouxe VIDA e momentos que não se apagarão jamais!
      

jueves, 9 de junio de 2011

Semelhantes


         Quem nunca escutou a frase nos tempos de escola de que "semelhante atrai semelhante"? Acho raro, para não dizer impossível encontrar algo semelhante pelo menos para mim... ou algo que eu queira estar perto, ser e estar presente ou mesmo se fazer presente quando a distância insiste e persiste mais uma vez fazer parte de uma história. O igual ás vezes assusta... mas sempre acredito que quando há autenticidade, e não falo somente de qualquer autêntico, eu me refiro do sentimento "ímpar" que cada um de nós carrega consigo ele é o que sempre falará mais alto.
        Ás vezes cansa deixar essa "força" falar mais alto, cansa, de alimentar uma história, cansa de querer regar um jardim e as flores que tem nele e saber que elas nunca brotarão...
        O mundo não se faz de certezas, mas sim são as nossas dúvidas que nos movem. Mas chega um momento em que o silêncio, como diz um bom amigo meu, pode ser muitas vezes a resposta. Eu não quero certezas, mas eu sei também que eu não quero silêncio.